Relevo e Geologia

O que é relevo?

O relevo consiste nas formas da superfície do planeta, podendo ser influenciado por agentes internos e externos. Ou seja, é o conjunto das formas da crosta terrestre, manifestando-se desde o fundo dos oceanos até as terras emersas. Entre as principais formas apresentadas pelo relevo terrestre, os quatro tipos principais são:

  • Montanhas
  • Planaltos
  • Planícies
  • Depressões

As Bacias Sedimentares Brasileiras (Características Gerais)

 

Essas formações geológicas ocupam a maior área do território brasileiro, estimando-se que ocupem 5,5 milhões de km2,

ou seja, cerca de 64%.

No Brasil, existem bacias sedimentares de grande e de pequena extensão

  • de grande extensão: a Amazônica, do Parnaíba – chamada também de Meio-Norte , a do Paraná ou Paranaica e a Central.

  • de menor extensão: do Pantanal Mato-Grossense, do São Francisco ou Sanfranciscana (esta muito antiga), do Recôncavo Tucano (produtora de petróleo) e a Litorânea.

Além dessas, há as denominadas bacias de compartimento de planalto, de reduzida extensão, se comparadas às cidades, e correspondentes a formações sedimentares alojadas em porções côncavas dos crátons de pouca extensão e profundidade. É o caso das bacias sedimentares de Curitiba (PR), Taubaté (SP), Resende (RJ), São Paulo e outras.

 

As bacias sedimentares do Brasil possuem camadas dispostas horizontalmente ou quase horizontalmente, fato que evidencia a ausência de movimentos importantes – como os tectonismos – desde remotos tempos geológicos. Entretanto, no fim da era Mesozóica, ocorreram movimentos da crosta que formaram fraturas, ou seja, fendas ou aberturas microscópicas ou macroscópicas que aparecem no corpo de uma rocha, principalmente em decorrência de forças tectônicas. Por essas fraturas ocorreu o escoamento de lavas básicas (lavas que podem percorrer grandes extensões), cobrindo grande extensão do sul do território brasileiro e da região de Poços de Caldas e Araxá (MG). Uma vez consolidadas, essas lavas resultantes do vulcanismo (reveja o quadro 15-A) deram origem a rochas (destacando-se os basaltos e os diabásicos) e a diversos diques, ou seja, intrusões magmáticas em forma alongada nas camadas da crosta terrestre, onde se solidifica (reveja quadro 15-A). Essas rochas e diques, por apresentarem grande resistência à erosão, formaram relevos residuais, permitindo a existência de várias quedas-d’água nos rios do Centro-Sul, com destaque para as de Sete Quedas (que não existem mais, devido à construção da barragem de Itaipu), no Rio Paraná, e para as Cataratas do Iguaçu, na foz do rio de mesmo nome. Além disso, o basalto e o diabásio, submetidos a agentes erosivos como o intemperismo, se desagregaram e se decompuseram dando origem a solos avermelhados conhecidos genericamente com o nome de terra-roxa, encontrados principalmente no Planalto Meridional ou Arenito-Basáltico.

 

As bacias sedimentares do Brasil datam do Paleozóico, do Mesozóico e do Cenozóico. As bacias sedimentares como a do Pantanal Mato-Grossense, litorâneas e de trechos que margeiam os rios da bacia hidrográfica Amazônica são do Cenozóico.

 

 

Eras geológicas: resumo das características das bacias sedimentares do Brasil

 

Cenozóica

(Vida recente)

Quaternário

Formação de bacias sedimentares (ex.: Bacia Sedimentar do Pantanal e ao longo do vale amazônico)

 

Terciário

Formação de bacias sedimentares (ex.: Bacia Sedimentar Amazônica)

Mesozóica

(Vida Intermediária)

 

Formação de bacias sedimentares (ex.: Bacia Paranaica, Sanfranciscana, do Meio-Norte etc.). Formação das ilhas Trindade, Martin Vaz, Arquipélago Fernando de Noronha e Penedos de S. Pedro e São Paulo. Derrames basálticos na Região Sul e formação do planalto arenito-basálticos.

Paleozóica

(Vida Antiga)

 

Formação de bacias sedimentares antigas, do varbito, rocha sedimentar, em Itu (SP), do carvão mineral no sul do Brasil. Início da formação da Bacia Sedimentar Paranáica e Sanfranciscana.

 

Divisões da Geomorfologia

 

 

Geomorfologia Estrutural

 Estuda-se o relevo em si, caracterizando-o em arranjos regionais, considerando-se a multiplicidade dos tipos de feições locais. Os tipos básicos de relevo são as montanhas, que podem ser de modesta altitude e isoladas, quando recebem o nome de colina, morros, ou agrupadas e em maior altitude, constituindo as serras, cordilheiras, maciços, ou chapadas, os planaltos, as planícies. Ocorre a observação da natureza da rocha e o que a constitui.

 

Geomorfologia Climática

 Trata-se das influências exercidas pelos fatores climáticos sobre o relevo examinando-se o processo de formação dos tipos de relevo, dentro dos sistemas morfogenéticos de relevo, que exercem na sua ação modificadora sobre a paisagem originando os relevos glaciais, os relevos áridos (conseqüentes da falta de chuva, onde com freqüência o vento tem papel ativo no trabalho de erosão), relevos temperados, relevos tropicais, etc.

 

 

Geomorfologia Litorânea

 Estuda a zona de contato entre o continente e o oceano, que é o litoral, onde também se observa a ação dos agentes climáticos. Estuda a ação erosiva do mar (abrasão), formando diversos tipos de costas, como as de acumulação, ou praias, as fissuras causadas nas falésias, ou costas altas, plataformas de desmoronamentos; perfil das costas, suas medidas de profundidade, a estrutura regional do relevo o tectonismo, as zonas litorâneas e a ação humana.

Epirogênese e orogênese

O relevo é formado a partir de fatores internos (endógenos) e externos (exógenos), os internos ou endógenos são provenientes de movimentos tectônicos ou de massas continentais.

Os movimentos tectônicos são reconhecidos de acordo com o tipo de deformação que produz nas placas, além da intensidade das forças empregadas
nas mesmas. Nesse sentido, existem dois tipos de movimentos denominados de epirogênese e orogênese.

Epirogênese

Epirogênese é uma expressão criada por Gilbert, em 1890, a denominação teve como objetivo
principal designar o fenômeno geológico que resulta em movimentos tectônicos no sentido vertical. Caso esse movimento seja para cima, recebe o nome de soerguimento e para baixo, subsidência.

Orogênese

Orogênese é um movimento tectônico que ocorre de forma horizontal, e pode ter duas configurações: convergente, quando duas placas se chocam; e divergente, quando duas placas se afastam. A primeira provoca o surgimento de dobramentos e cordilheiras e a segunda responde pela formação das dorsais (cordilheiras submarinas).

 

 

 

Agentes Modeladores do Relevo

Tectonismo

O tectonismo, também conhecido por diastrofismo, consiste em movimentos decorrentes de pressões vindas do interior da Terra, agindo na crosta terrestre. Quando as pressões são verticais, os blocos continentais sofrem levantamentos, abaixamentos ou sofrem fraturas ou falhas. Quando as pressões são horizontais, são formados dobramentos ou enrugamentos que dão origem às montanhas. As conseqüências do tectonismo podem ser várias, como por exemplo a formação de bacias oceânicas, continentes, platôs e cadeias de montanhas.

 

Vulcanismo

É a ação dos vulcões. Chamamos de vulcanismo o conjunto de processos através dos quais o magma e seus gases associados ascendem através da crosta e são lançados na superfície terrestre e na atmosfera. Os materiais expelidos podem ser sólidos, líquidos ou gasosos, e são acumulados em um depósito sob o vulcão, até que a pressão faça com que ocorra a erupção. As lavas escorrem pelo edifício vulcânico, alterando e criando novas formas na paisagem. A maioria dos vulcões da Terra está concentrada no Círculo de Fogo do Pacífico, desde a Cordilheira dos Andes até as Filipinas.

 

Abalos sísmicos ou terremotos

Um terremoto ou sismo é um movimento súbito ou tremor na Terra causado pela liberação abrupta de esforços acumulados gradativamente. Esse movimento propaga-se pelas rochas através de ondas sísmicas (que podem ser detectadas e medidas pelos sismógrafos). O ponto do interior da Terra onde se inicia o terremoto é o hipocentro ou foco. O epicentro é o ponto da superfície terrestre onde ele se manifesta. A intensidade dos terremotos é dada pela Escala Richter, que mede a quantidade de energia liberada em cada terremoto.

 

Intemperismo

O intemperismo, também conhecido como meteorização, é o conjunto de processos mecânicos, químicos e biológicos que ocasionam a desintegração e a decomposição das rochas. A rocha decomposta transforma-se em um material chamado manto ou regolito. No caso da desintegração mecânica (ou física), as rochas podem partir-se sem que sua composição seja alterada. Nos desertos, as variações de temperatura acabam partindo as rochas, assim como nas zonas frias, onde a água se infiltra nas rachaduras das rochas.

 


 

Enxurradas

Enxurrada é uma grande quantidade de água que corre com violência, resultante de chuvas abundantes. Essa violência das águas tem um grande poder erosivo. Em terrenos inclinados, sem cobertura vegetal, as enxurradas podem desenhar desde sulcos superficiais até outros mais profundos, chamados ravinas. No Brasil, a ação combinada das enxurradas e das águas subterrâneas causa as voçorocas, enormes buracos que destroem trechos de terra cultiváveis, prejudicando a agricultura.

 

Geleiras

São extensas massas de gelo que começam a se formar em locais muito frios, devido ao não-derretimento da neve durante o verão. O peso das camadas de neve acumuladas durante invernos seguidos acaba por transformá-la em gelo. Quando essa massa de gelo se desloca, realiza um trabalho de erosão nas rochas que as cercam, formando vales em forma de U.

 

Abrasão marinha

É a erosão provocado pelo mar, devido à ação contínua das ondas que atacam a base e os paredões rochosos do litoral. Esse fenômeno acaba causando o desmoronamento de blocos de rochas e o conseqüente afastamento desses paredões. Daí originam-se as costas altas que são chamadas de falésias, como por exemplo aquelas existentes no nordeste, formadas por rochas sedimentares (barreiras).

 

BRASIL

 

O Relevo Brasileiro

 Classificações

O relevo do Brasil tem formação antiga e atualmente existem várias classificações para o mesmo. Entre elas, destacam-se as dos seguintes professores:

 

  • Aroldo de Azevedo - esta classificação data de 1940, sendo a mais tradicional. Ela considera principalmente o nível altimétrico para determinar o que é um planalto ou uma planície.
     
  • Aziz Nacib Ab'Saber - criada em 1958, esta classificação despreza o nível altimétrico, priorizando os processos geomorfológicos, ou seja, a erosão e a sedimentação. Assim, o professor considera planalto como uma superfície na qual predomina o processo de desgaste, enquanto planície é considerada uma área de sedimentação.
     
  • Jurandyr Ross - é a classificação mais recente, criada em 1995. Baseia-se no projeto Radambrasil, um levantamento feito entre 1970 e 1985, onde foram tiradas fotos aéreas da superfície do território brasileiro, por meio de um sofisticado radar. Jurandyr também utiliza os processos geomorfológicos para elaborar sua classificação, destacando três formas principais de relevo:
      1) Planaltos
      2) Planícies
      3) Depressões
    Segundo essa classificação, planalto é uma superfície irregular, com altitude acima de 300 metros e produto de erosão. Planície é uma área plana, formada pelo acúmulo recente de sedimentos. Por fim, depressão é uma superfície entre 100 e 500 metros de altitude, com inclinação suave, mais plana que o planalto e formada por processo de erosão. A figura a seguir mostra essa representação do relevo brasileiro.

Veja a seguir outro mapa que representa o relevo brasileiro, mostrando algumas das regiões mais conhecidas do mesmo.

 

 

Pontos mais altos

 

Os relevos brasileiros caracterizam-se por baixas altitudes. Isso acontece devido ao Brasil estar situado sobre uma grande placa tectônica que não se choca com outras placas, dando origem aos chamados dobramentos modernos, resultantes do movimento de colisão entre placas, onde uma empurra a outra. Os pontos mais altos do relevo brasileiro são o Pico da Neblina e o de Pico 31 de Março. Confira a seguir a lista dos maiores picos brasileiros, assim como sua localização e altitude.

 

Pico
Serra
Altitude (m)
Neblina
Imeri (AM)
3.014
31 de Março
Imeri (AM)
2.992
Bandeira
Caparaó (ES/MG)
2.890
Roraima
Pacaraima (RR)
2.875
Cruzeiro
Caparaó (ES)
2.861